quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O choque e a dúvida sobre futuro fazem mercado financeiro zerar riscos

Entre o choque e a notícia em si da morte prematura de Eduardo Campos, eu li mais de uma dezena de análises feitas por cientistas políticos, economistas, gente do mercado financeiro e colegas de jornalismo. O ponto em comum mais forte entre todas as tendências e probabilidades consideradas sobre o que pode acontecer com a campanha eleitoral e com o Brasil é o seguinte: a eleição terá segundo turno.

Também foi comum nas análises o reconhecimento da força política de Marina Silva. Ela é mais conhecida pelos brasileiros, com experiência positiva na eleição passada e vista como uma alternativa à esquerda de um novo governo. A candidata a vice-presidente de Campos pode e deve ser a escolhida pelo PSB para assumir o lugar do político depois da tragédia desta quarta-feira (13).

O mercado financeiro viveu três momentos desde a confirmação de que o avião acidentado era da comitiva de Eduardo Campos. O primeiro deles foi de muito nervosismo, com queda na BOLSA DE VALORES, alta do dólar e das taxas de juros no mercado futuro. O segundo momento trouxe de volta alguma racionalidade às transações porque, apesar do inacreditável acidente, Marina Silva não estava no avião – o que seria um dano muito maior ao cenário político do país.
No terceiro momento, a apreensão voltou à cena. O gatilho foi a leitura dessas análises todas onde uma boa parcela das conjecturas enxergou um enfraquecimento de Aécio Neves na corrida presidencial contra um possível segundo turno entre Dilma Rousseff e Marina Silva. Não é mais segredo para ninguém que a preferência dos investidores e operadores de mercado está no candidato do PSDB.
Em meio à consternação pela morte aterradora de Eduardo Campos, nos momentos finais ao fechamento dos mercados, o movimento foi de diminuir consideravelmente os riscos nas posições financeiras. Diante da incerteza, essa é a reação esperada nesse mundo complexo das transações com ativos financeiros. Primeiro um surto, depois uma leitura para entender o tamanho da dúvida e, se ela se confirmar elevada, é hora de tirar os riscos da mesa.
A agitação nos bastidores políticos está sendo inevitável, por questões práticas e instintivas mesmo do “homem-político”. Objetivamente, a campanha nas ruas e na TV começa na próxima terça. Exceto por alguma coisa inesperada (nunca um acidente como este), o material de propaganda já devia estar todo pronto – com Eduardo Campos à frente na foto dos “santinhos”.
Agindo por instinto político, aqueles que trabalham na formulação e coordenação das campanhas buscam uma saída que fortaleça seu candidato ou evite perdas diante do novo cenário. Nem adianta dizer, mesmo já dizendo, que ainda é muito cedo para fiar qualquer posição sobre o que vai acontecer nas próximas semanas.  Mesmo ”lá de cima”, para onde certamente Eduardo Campos já foi, ele deve procurar seu avô Miguel Arraes – que faleceu nesta mesma data – para entender o que será da política brasileira.  
A mensagem de Eduardo Campos durante os meses em que esteve em campanha pelo país, é apartidária e deve ser assumida por todos nós, mesmo tendo que enfrentar o choque pela sua perda. Não vamos desistir do Brasil. Eu não vou. 
Fonte: http://g1.globo.com/
Tiago Albuquerque

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