quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Retração imobiliária já reflete no setor de móvel planejado


A desaceleração da economia combinada com a menor venda de imóveis residenciais – novos ou usados – começa a afetar as redes que atuam com a venda de móveis planejados. Marcas que antes cresciam à margem de até 30% ao ano devem sofrer para chegar à alta de 10% em 2014.
As perspectivas dos lojistas que fazem parte da rede de players como Dell Anno e Bartzen, é que com a entrega dos empreendimentos previstos para o final deste ano e ao longo de 2015, o segmento volte respirar no médio prazo. “É impossível dizer que não somos sensíveis a desaceleração da economia. Todos os setores estão sentindo os efeitos de um mercado quase em crise”, disse o dono da operação Dell Anno Savassi, localizada em Minas Gerais (MG), Roberto Muzzi.
O empresário afirmou que viu o comércio crescer de forma acentuada quando o País viveu o ápice das vendas de imóveis e da redução do déficit habitacional – com o Programa Minha Casa Minha Vida -, fenômeno esse iniciado em 2010. “Quando o segmento imobiliário foi impulsionado pela concessão de crédito, nós tivemos um crescimento muito expressivo na Savassi. O consumidor vinha para fazer as compras com mais dinheiro à loja, fato que não tem ocorrido de forma tão fácil nos dias atuais”, disse o empresário.
Muzzi, que investiu em uma das marcas pertencentes ao Grupo Unicasa (Dell Anno e Favorita), rede hoje com 304 pontos de vendas entre lojas autorizadas e próprias, afirmou que mesmo com o “Brasil desacelerado”, é preciso pensar no futuro. “Do ano passado para cá tivemos vendas mais tímidas, isso é inegável. Contudo, ainda existe um número grande de empreendimentos a serem entregues e isso pode ajudar a melhorar as vendas no ano que vem.”
Construção civil – A Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) identificou que na capitalpaulista, no mês de junho deste ano, foram lançados 2.413 empreendimentos novos. Na comparação anual houve queda de 32,5%, mas, mesmo com o número mais tímido, isso é motivo de comemoração para Muzzi. Ele aponta que a construção civil tem passado por um período mais crítico, mas os lançamentos de empreendimentos continuam, “assim como o desejo do consumidor em ter a sua casa com móveis novos”. E completou: “Hoje, ao invés de se fazer todos os ambientes de um apartamento – dormitórios, cozinha, banheiros e área de serviço – o consumidor tem optado pelos itens fundamentais como os dormitórios e a cozinha, por exemplo”.
No ramo imobiliário as vendas têm apresentado queda também para o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). A entidade aponta que a cidade de São Paulo registrou a venda de 1.072 unidades em junho, com variação de negativa de 72,3% diante das 3.872 unidades comercializadas no mesmo mês do ano passado.
Substituição – A opinião a respeito da substituição de prioridades por parte do consumidor é compartilhada pelo gerente nacional de vendas da Bartzen, Marcelo Lima. “O consumidor hoje está segurando os seus gastos. Ao invés de comprar a casa inteira, ele faz projetos menores”, disse.
O executivo afirmou que mesmo com o cenário mais complicado, deixar de investir está fora de cogitação na Bartzen. “Temos de nos diferenciar dos concorrentes e investimos na criação de produtos diferenciados, no treinamento dos vendedores e tentamos atender ao consumidor da melhor forma possível”, explicou.
Mais otimista que o investidor da Dell Anno Savassi, a Bartzen quer fechar o ano com crescimento de 20% em seu faturamento, além de ampliar a presença com a abertura de novas lojas. “Só em São Paulo abrimos sete unidades este ano. Hoje somamos 35 operações e não pretendemos parar de investir”, ressaltou Lima, ao DCI.
Reinvenção – Na opinião do diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), Marcelo Villin Prado, as empresas que atuam no segmento de móveis planejados – que representa 8,5% do volume de móveis vendidos e 19% da receita gerada no segmento como um todo – deve se reinventar para sobreviver à concorrência. “Tivemos anúncio recente das Casas Bahia que terá uma linha própria de cozinhas planejadas. O número maior de concorrentes mostra a necessidade de mudanças.”
Prado explicou também que agora é o momento das empresas traçar, de forma específica, o seu público alvo e encontrar soluções diferenciadas. “Não adianta criar linhas mais baratas, o mais importante é reinventar a marca, apostar no atendimento, ter soluções que atendam o consumidor de forma mais qualifica. Sem isso, quem estiver sem saúde financeira pode sair do mercado.”
Por Flávia Milhassi
Fonte: DCI, Comércio

Tiago Albuquerque


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