Construtoras mostram preocupação com proposta que prevê altura máxima para construção nos miolos de bairros.
Para relator do Plano Diretor, eventual impacto nos preços de novos imóveis seria muito pequeno.
O limite de altura de prédios no miolo dos bairros, se entrar em vigor, deverá levar a uma alta dos preços dos imóveis que serão lançados na cidade de São Paulo, dizem representantes do mercado imobiliário.
A regra está entre as propostas para o novo Plano Diretor, conjunto de normas que orientam o crescimento da cidade, conforme informou a Folha na última segunda-feira.
De acordo com o relator do plano, o vereador petista Nabil Bonduki, a regra estabelece que as construções fora das áreas de corredores de transporte público tenham no máximo um térreo e oito andares, medindo aproximadamente 25 metros de altura.
Para Ricardo Yazbek, vice-presidente de legislação urbana do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), esse limite gera muita preocupação no setor.
Um dos motivos apontados é que, na visão dele, o plano deve causar um aumento nos custos de construção.
Yazbek explica que uma obra mais baixa tem menor escala de produção e, consequentemente, um menor aproveitamento do terreno. O preço final das unidades também seria maior devido ao repasse desses custos.
"O limite de altura é um acelerador muito contundente para inflação de preços nos miolos dos bairros. E essa pressão vai se alastrar para os corredores e para as periferias. É uma medida que deveria ter sido mais pensada", diz Ricardo Laham, diretor da incorporadora Brookfield.
"Não nos parece razoável que, numa penada, haja uma determinação de limitar a altura para 88% da cidade", afirma Yazbek, do Secovi-SP, citando cálculos da entidade.
IMPACTO PEQUENO
Para o vereador Nabil Bonduki, a proposta de restringir a altura de prédios dentro dos bairros está inserida na lógica de adensar as regiões dos corredores. O objetivo é facilitar a mobilidade e atrair pessoas que utilizem o transporte público para essas áreas.
O parlamentar afirma que um eventual impacto inflacionário no preço dos apartamentos seria muito pequeno.
Ele diz ainda que o desestímulo às construções nos miolos de bairros poderá levar a uma queda no preço dos terrenos nesses locais, uma visão que não é compartilhada pelo mercado.
Bonduki acena também para uma eventual flexibilização da restrição do número de pavimentos.
Como o fundamental é preservar locais muito horizontais, pode-se discutir a ideia de não aplicar a medida em áreas já muito verticalizadas, como entre o centro e a avenida Paulista.
O relator diz que o texto final do plano deverá ser apresentado na Câmara Municipal no próximo dia 26.
O plano deverá orientar o crescimento da capital por 16 anos. Após oito anos, será feita uma revisão.
Por DANIEL VASQUES
Fonte: http://site.cte.com.br/ Folha de S. Paulo, Cotidiano
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